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Dr. Renato Nogueira Costa |
Olá, hoje vou publicar algumas das inúmeras poesias feitas pelo meu conceituado médico-oncologista, Dr. Renato Nogueira Costa. Além de ser um excelente profissonal é um grande poeta.
Algumas de suas premiadas obras :
LIÇÕES
O maior tesouro que temos são as pessoas que amamos.
Devemos preservá-las com ternura, pois não têm preço:
perdoá-las, se falharem conosco,
pedir-lhes perdão, se formos nós os faltosos.
Devemos buscar continuamente o aprimoramento, a destreza,
porém, sem destratar quem quer encontremos no percalço desta meta:
o aprendizado não contempla o descaso!
a sabedoria o abomina!
Ser alegre é um dom! Preservá-lo com a devida dignidade!
Contudo, se nos entristecermos por algum motivo,
saibamos respeitar e conviver com os momentos soturnos:
nada de risos descabidos ou de falsa alegria!
Até os beócios reconhecerão nossa fragilidade e dissimulação!
Conviver com pessoas alegres é sempre o ideal: talvez, evitemos a tristeza...
contudo, se ao longo do caminho, nos depararmos com os tristes,
sejamos misericordiosos e procuremos contagiá-los com nossa alegria:
estaremos fazendo um bem enorme a eles e a nós mesmos!
Sejamos sempre sinceros e leais aos nossos sentimentos:
as crianças nos ensinam isso com maestria ímpar, a todo momento!
Não nos prostremos mediante perdas e fracassos:
inspiremo-nos na natureza, que se renova e floresce após as catástrofes.
Encaremos as adversidades com otimismo e confiança:
talvez, seja a maior prova de nossa fidelidade a Deus!
Se for difícil sorrir, tentemos, ainda assim!
Um sorriso sincero, mesmo em momentos de infortúnio,
- se comovido e silente -
é alento e afago para o coração que sofre!
(E este pode muito bem ser o seu... ou o meu!)
Revigoremo-nos daquilo que gostamos: é mantimento seguro e sagrado!
Do que não gostamos, busquemos nos dispor ou esquecer, se for difícil o primeiro;
nenhum bem nos traz carregar mágoas ou dissabores:
ao contrário, poderá nos abreviar a vida ou torná-la por demais penosa!
Por fim, tratemos com zelo nossas feridas: é o carinho que as cicatriza!
A IDADE DA INOCÊNCIA
Quando percebi que as relações entre os adultos
são muitas vezes falsas, interesseiras e verticais,
já era tarde para retroceder e fazer nova opção.
Encontrei grandes dificuldades, obstáculos gigantescos, alguns intransponíveis.
Jamais entendi o sentido e modo de conduzir a vida dos adultos.
Talvez tenha sido este o motivo de ter me recusado a crescer.
Ao menos em meu mundo (irreal?) não existia mentira
traição
malícia
cobiça
maledicência
nem mediocridade.
Embora tenha sido criado na fazenda, a vida não me era enfadonha.
Interessavam-me coisas bem simples, que me distraíam e extasiavam.
Desde o cuco do relógio à roda de fiar ao tirar água da cisterna
ao tomar leite quentinho no curral ao andar a cavalo ao rolar na grama com o Rex
ao fazer goiabada ao catar o feijão ao torrar o café ao rezar o terço à noitinha...
isso para dizer apenas um punhadinho de coisas
porque havia muito mais para encher o dia e encantar uma criança.
E quando ia para a cama, sonhava com o que haveria de fazer no dia seguinte.
Portanto, nada de monotonia ou estresse.
Aos 12 anos fui levado para a cidade:
deveria estudar, se quisesse ser alguém na vida
(decisão esta tomada por adultos para que meu futuro fosse brilhante -
contudo, não me perguntaram se era esse meu desejo
ou se eu gostaria de ser mais feliz do que era - pois muito feliz eu já era!)
Foi quando me confrontei com tudo o que desconhecia e não queria.
- Os adultos deveriam ouvir mais as crianças ou pelo menos indagá-las
sobre o que sentem, esperam e sonham para suas vidas! -
Foi no mundo deles que conheci a insegurança
o medo
a ameaça
o pecado
o castigo
o sarcarmo
a inveja
o desrespeito
a insolência...
isso, para citar apenas um punhadinho de aflições,
porque estas são muito incrivelmente numerosas!
Pois bem, não cresci e tornei-me um ser “retardado, inconveniente, marginalizado”.
Observo de longe os "normais" robóticos
que disfarçam suas hostilidades, hipocrisias e falsidades
com maneirismos, omissões e pretensas delicadezas
- como se o outro não agisse da mesma forma e,dessa forma, fosse enganado! -
Quando me levam de volta à fazenda, sinto-me livre e se surpreendem com minha alegria:
"Este moleque é mesmo esquisito!
Não sei no que erramos!
Teve tudo para ser gente e veja no que deu:
uma criaturinha tola que se contenta com a própria imbecilidade!"
DEGREDO AVATAR
É dissociação de alma e espírito.
(como se soubéssemos o que é um e outro...)
Percorre um caminho sinuoso, obscuro, desconhecido
de que temos lampejos de memória
(conhecimento remoto?)
É presságio
paixão
naufrágio
solidão
é tudo e é nada!
vigor
exaustão
labor
lassidão
tormenta que não se anuncia:
assola
devasta
desola
é comoção da alma
declínio do corpo
aflição do espírito.
VIVENDO...
... aprendi
que ilusão é sonho verdadeiramente irrealizável;
porém, não é fácil compreender nem aceitar a desilusão!
que é vão correr desenfreado em busca da felicidade:
se ela já não estiver dentro de nós, jamais será alcançada!
que a vida nos reserva surpresas alegres e tristes: nem sempre seremos vitoriosos!
contudo, nem por isso, devemos viver na incerteza:
tanto melhor será se estivermos sempre nos revigorando de confiança!
que o amanhã é futuro por demais longínquo
se não tivermos sabedoria para desfrutar do presente.
que o passado se foi, inexoravelmente
e que, por mais feliz tenha sido, é irresgatável!
que nossos desejos são tão fortes ou frágeis
quanto nossa determinação de realizá-los!
Portanto, não há por que imputar nossa frustração ou sucesso a quem quer que seja!
que o acaso realmente inexiste: existem coincidências um tanto absurdas, incríveis!...
mas é interessante notar que ainda se acredita na sorte quando o jogo é de azar!...
nem sempre é nos cassinos que a ficha cai ou a roleta é russa,
embora esta possa ter conseqüências funestas!
que ditados populares podem ser enfadonhos,
mas a experiência do povo é sagrada
e se encarregou de imprimir-lhes certo grau de digna veracidade.
que arroubos de impetuosidade nunca se acompanham de ganhos:
é inquestionavelmente preferível a temperança, a serenidade!
que o descaso é descuido imperdoável:
jamais resultou em harmonia ou amenidade.
que amizade é um bem por demais precioso
para ser tratado com indiferença ou desleixo:
antes a hibernação e o naufrágio!
que o Sol tanto nos provê a luz quanto a queimadura:
cabe-nos o discernimento para dele usufruirmos com sensatez, não com abuso!
que não devemos exigir de determinadas pessoas o que elas jamais nos proverão:
carinho, gratidão, amor, ternura...
melhor é nos conscientizarmos de suas limitações
e buscarmos a maneira mais amena e suave de convivermos com elas!
Que existem perdas aparentemente insuperáveis: é inútil passarmos a vida a lamentá-las!
Devemos dedicar-lhes o merecido respeito e observar-lhes o devido luto,
mas prosseguir nossa travessia com fé e esperança:
mais adiante, ao longo do caminho, veremos que a reparação é inevitável!
PAIXÃO ANDALUZ
Olhos que revelam desejos secretos de alma inquieta
em forma de flashes multicores, frenéticos.
Lábios que se revestem de um carmim insinuante, audaz
em busca de pares sequiosos, ardentes.
Corpo esculpido em porcelana sólida, luzidia
em que registro carícias lúdicas, versos sensuais
sem nada mudar ou desfazer
mesmo porque não o poderia:
grafias imortais que são!
FOR THE SAKE OF HUMANITY
The mystery of living can only be compared to the joy of loving:
both are natural, impetuous and brave.
Therefore, for the sake of humanity, let us live in harmony
and spread the seeds of bounteousness
so that we cause the least possible pain to those who already are
and do the least possible harm to the innocent still to come.
These should be our principal objectives in life,
for love and generosity have never hurt nor aroused any discontent.
Let us start each day with a renewed determination:
let us not bend before troubles and defeats.
Afterall, is life only made of success?
Is it not the pain and suffering of a big fall
that give us strenght to rise and flourish?...
or is it resentment and hatred
that lead us to eternity?
Let us not blur our dignified essence.
Let us not allow hate, despair and animosities
to maculate our noble essence.
Let us rejoice in perennial contentment,
for such shoul be our main purpose in life
and for such reason were we born alike.
LIFE'S INNER LIGHT
Make of your house a natural extension of your body.
Honor it, dignify it, respect it as a sacred temple
so that you may find peace amid its walls,
confidence beneath its roof,
comfort in its warmth,
joy within its boundaries.
Curse your house not for only the bitter and discontent
take pleasure in darkness and resentments
only fools injure their own bodies
and outrage their own souls.
When praying, be grateful not only for your victories
but for your failures also
not only for your joy
but for your sorrows too.
For through your griefs and vanquishes you shall free yourselves
from the yoke of vanity and from the bondage of pride.
Much there is to being and so little of it is accomplished!
Much there is to love and so little of it is enjoyed!
Much there is to life tough so little of it is fullfilled!
For love and truth are neatly intermingled
translucent,
perennial.
They are complete, sufficient unto themselves,
though generous and unassuming.
Together they are the might and the real essence of living.
Together they prompt men to unveil their hearts unto themselves
nourish their souls
realize their most precious dreams.
Together they give men the wings to fly accross the Sun
reach the farthest stars
to, in ecstasy, commune with God:
their inmost desire and very reason for being.